setembro 06, 2020

Pascal Campion


Nascido em River Edge, Nova Jersey, Pascal Campion começou a desenhar desde muito pequeno. Não foi à toa que, profissionalmente, enveredou-se pelas artes. Entre todas as possibilidades, foi na arte digital que mais se encontrou e aperfeiçoou. Sua lista de clientes inclui: Dreamworks Animation, Paramount Pictures, Disney TV, Cartoon Network, entre outros. Suas produções sempre foram rápidas e isso ajudou Pascal a prosperar. Seu projeto “Esboço do dia”, por exemplo – como o próprio nome indica, todo dia ele cria um novo esboço, embora colorido – lhe rendeu um portfólio imenso e números crescentes de seguidores nas redes sociais. Em seus trabalhos é possível ver como o dia a dia e sua família são fortes inspirações para ele, sendo a sua marca.

Obras, devaneios e reflexões...


Jogar-se, mergulhar de cabeça. A primeira obra mostra isso sendo feito em conjunto, trazendo a ideia de abrir-se com o outro, ser inteiro, mostrar suas vulnerabilidades e, portanto, criar conexões fortes que não nos deixam “no escuro” (inseguros, reprimidos) em relação ao outro, mas sim nos dá abertura para expressar nossa autenticidade, para mostrar (tornar visível, claro – a lua na noite) os nossos defeitos e qualidades sem medo. Na segunda obra, entretanto, é sozinho, representando os mergulhos em nós mesmos, a necessidade de nos autoconhecer, enfrentar nossas questões das mais superficiais às mais profundas (ao mergulhar vamos do raso para o fundo) para entender quem somos, quais são os nossos limites, o que nos faz bem e o que nos faz mal. Apenas nos autoconhecendo adquirimos a consciência sobre os rumos que queremos tomar em nossas vidas e podemos expressar essa autenticidade abordada na primeira obra.


Não dá para mudar enquanto você não quiser. Os passos necessários para evoluir (subir a escada) e sair de uma situação de sombra (confuso, com medo, sem rumo) para uma de iluminação (os tons de azul e amarelo indicando tranquilidade, serenidade, alegria e otimismo) só podem ser dados por você. É uma questão de ter coragem, de encarar de frente. A personagem já está voltada para o caminho que a levará ao encontro da sua luz pessoal (o que a faz bem, o que a faz ser por inteiro, o que quer para si), agora, basta que ela dê os passos para chegar lá.


Sobre permitir-se sentir, estar presente, aberto a encarar as emoções de cabeça erguida. Sem esconder, sem sufocar e, portanto, aprendendo a lidar com elas.


Mais uma vez a representação de uma escada. Aqui, no entanto, ao invés de voltada para os degraus que faltam para chegar ao topo, a persona encontra-se sentada nela, em estado observacional, contemplativo. Se a vida é como uma escada, às vezes a gente sobe (passa por momentos bons), às vezes a gente desce (passa por momentos ruins) e às vezes a gente para. Para pra respirar, pensar, olhar em volta e perceber em que patamar está. O quanto já percorreu? Valeu a pena? Para onde vai agora? É o momento de se autoanalisar, de equilibrar-se conscientemente e não apenas oscilando entre os altos e baixos. As pausas também são necessárias na vida, fazem parte de amadurecer, do processo de autoconhecer-se.


É nos momentos mais difíceis que descobrimos quem realmente está do nosso lado, quem nos quer bem. Os relacionamentos que vivem mesmo após as dificuldades são os mais fortes, pois é fácil estar com o outro na felicidade, mas é duradouro quando se quer estar nas dores também (não no sentido de gostar de sentir dor ou ver o outro sofrer, mas de fazer companhia, não abandonar, fornecer apoio e conforto para que a pessoa crie força e saia de seja lá qual for a situação difícil pela qual estiver passando). Relacionamentos sinceros não menosprezam a vulnerabilidade do outro, e sim consideram, compreendem e ajudam. E, claro, lembrando aqui: isso tudo tem que ser mútuo, não basta um querer ajudar, o outro também tem que querer ser ajudado, toda relação é uma via de mão dupla! Certa vez, escrevi:

”No fundo,
Estamos todos sozinhos.
Ter pessoas querendo fazer parte
Da nossa solidão
E querer fazer parte das delas
É o que torna tudo mais tranquilo:
É como fazemos amigos.”


Faz-se arte em silêncio, para si mesmo, pela necessidade de criar, de se expressar. Mostra-se arte, porque ela pode ser abrigo (conforto, identificação) para quem vai apreciar. Essa obra me lembra uma preciosa lição que o incrível Stephen King passa em seu livro Sobre a escrita: “Escreva com a porta fechada, reescreva com a porta aberta”. Faça sua arte, deixa a criatividade voar livre, deixa sair o que precisa ser expelido em sua forma mais pura, sem interferências, mantendo a essência. Antes de lapidada, interpretada, a arte precisa ser criada. É como uma vida, precisa nascer para poder crescer e se moldar com as experiências.


São os pequenos gestos de cuidado, consideração, parceria, são as pequenas conversas, os carinhos e as brincadeiras trocadas no dia a dia que sustentam boas relações. É o querer bem, estar presente, ter atenção em relação ao outro. O amor se fortifica de pouco em pouco, tijolo por tijolo, com cuidado e esforço. No fundo, são esses pequenos prazeres da vida cotidiana, esses momentos simples, mas extremamente significativos que pesam, fazem toda a diferença, nas relações.

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